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cão e mala

 

 

O cachorro Ted, da raça Shih-tzu, tem 4 anos e é acostumado a viajar de carro com os tutores, que moram no bairro da Barra, em Salvador. A professora Zélia Cunha conta que logo que acolheu o animal, comprou uma cadeira específica para o transporte de cães e gatos. O assento é preso ao banco do carro com ajuda do cinto de segurança.

A professora afirma que prefere viajar apenas de carro com o animal porque não gosta de usar as caixas de transporte para cães adequadas no caso de viagens de avião ou ônibus. “Acho que ele fica preso. A cadeira é mais ventilada, ele nunca estranhou, vai quieto, não pula. Muitas vezes, ele vai dormindo. Nunca viajamos com ele de avião porque não vou botar ele em uma gaiola para ir no bagageiro. Tenho medo que ele morra”, teme a tutora.

“No início, a gente dava um remédio para ele não enjoar, agora não precisa mais”, complementa o aposentado Rui Alberto Sampaio, marido de dona Zélia, sobre a “tranquilidade” em ter o cão como companheiro de viagem.

Os cuidados tomados pelo casal são importantes para a segurança, mas por lei não são obrigatórios. O Departamento Estadual de Trânsito (Detran-BA) orienta que, embora a lei não obrigue a “retenção dos animais” em caixas ou coleiras, essa é a forma mais segura de sair com eles em veículos pelas estradas. As polícias rodoviárias federal e estadual é que fazem a fiscalização nas estradas, seguindo as normas previstas no Código Brasileiro de Trânsito.

Para o transporte em carros, pode ser usado, além da cadeira, um cinto específico para cães, que é preso ao cinto do veículo. Outra opção é isolar os bancos de trás com uma grade divisória.

O que, segundo o Detran, corresponde a uma infração grave prevista no artigo 235 do Código Brasileiro de Trânsito é transportar animais na parte externa do carro (no caso de caminhonetes) ou com parte do corpo para fora da janela do veículo. Caso seja flagrado nesta situação, o motorista pode perder cinco pontos na carteira de habilitação e pagar multa de R$ 127, 69. O Código ainda prevê uma multa considerada média, caso o condutor esteja dirigindo com o animal à sua esquerda, ou entre os braços e as pernas. A punição é de quatro pontos na carteira e multa de R$ 85,13.

O veterinário Mateus Passos explica que em qualquer ocasião, é necessário ficar atento às regras do órgão regulador. Duas exigências comuns em todos os meios de transporte, no caso de cães e gatos, é que eles estejam com a vacina anti-rábica atualizada e que o tutor apresente um atestado de saúde do animal emitido por um veterinário.

 

Ônibus

 

De acordo com o Decreto nº 2.251/98, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que regula a circulação de ônibus intermunicipais no país, o transporte de animais nesses veículos é permitido, desde que sejam observados os locais e os limites máximos de peso e dimensão estipulados para a bagagem.

Também deve ser observado se o local de transporte oferece adequadas condições de saúde para o animal e se esse transporte não irá comprometer a segurança dos outros passageiros, além de obedecer o limite de peso por passageiro no bagageiro, que é de 30 kg. Cães e gatos devem ser levados nas caixas de transporte específicas para esses animais.

 

Aviões



Para cães ou gatos viajarem em aviões, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) determina que, além da vacina e do atestado, os animais devem ser levados na caixa para transporte de animais, com compartimento de água e comida e um forro para o caso de necessidades, como a de urinar, no bagageiro da aeronave. A regra vale para viagens dentro do Brasil e para os Estados Unidos.

Se o objetivo do tutor de um animal é levar o cão o gato para a Europa, é preciso um pouco mais de cuidado. “Além da vacina e do atestado emitido pelo veterinário, é necessário apresentar um exame de sorologia da vacina contra a raiva. O procedimento comprova que a imunização foi eficaz”, afirma Mateus Passos. O veterinário alerta que, nesses casos, é preciso se programar porque o resultado do exame de sorologia demora 40 dias.

O tutor do animal deve entrar em contato com a companhia aérea pelo menos 24 horas antes da viagem para informar que vai levar o animal. Para transportar cães ou gatos em aeronaves, o passageiro deve ainda pagar uma taxa estabelecidada pelas companhias aéreas.

 

Viagem na cabine

 

O transporte na cabine de passageiros, de acordo com a Anac, fica a critério da empresa aérea. Por enquanto, a TAM é a única empresa no Brasil que permite que animais sejam levados na aeronave como ‘bagagem’ de mão. O peso do animal somado com o da caixa de transporte, indicada pela companhia, não pode ultrapassar 10 kg.

O veterinário ressalta que, no caso de cães com mais de 30 kg, os animais são transportados em aviões de carga e retirados no aeroporto de destino. Essa regra também está disponível nos sites das principais companhias aéreas que operam no país.

A Gol não transporta cães da raça Bulldog, em “nenhuma das suas variações”. Segundo a assessoria da empresa, nenhum cachorro de focinho curto é aceito nos aviões da Gol. De acordo com o veterinário Mateus Passos, essa restrição é feita por conta do risco de complicações desses animais durante a viagem. “Esses cães têm dificuldade respiratória e podem ter complicações se ficarem sozinhos no bagageiro, por conta do estresse do ambiente”, diz. A lista completa com os nomes das raças que não são transportadas pelas empresas aéreas brasileiras pode ser acessada no site das companhias.

A assesoria da TAM informou que não há restrição de raça de cães para transporte em voos operados pela companhia dentro e fora do Brasil. Ainda de acordo com a assessoria da empresa, a Espanha não permite a entrada de cães das raças Pit Bull Terrier, American Staffordshire Terrier, Rottweiller, Dog Argentino, Fila Brasileiro, Tosa Inu (Japanese Tosa) e Akita Inu.

 

Valores



Segundo o veterinário, os equipamentos de segurança para transportar cães ou gatos durante viagens de carro, ônibus ou avião são encontrados em pet shop. O valor da caixa, que é normalmente feita de material plástico ou de fibra, varia entre R$ 90 e R$ 400, a depender do tamanho. O cinto de segurança para cães ou gatos custa em média R$ 23 e a cadeira para carros R$ 200. Além disso, o tutor do animal terá um custo aproximado de R$ 30, com a avacina anti-rábica, e de R$ 50 com uma consulta com o veterinário para obter um atestado de saúde do cachorro.

O especialista deixa uma dica para os tutores que pretendem viajar com seus animais domésticos. “Não tem um intervalo determinado, mas recomenda-se que, dependendo do estilo de vida do animal, ele pare durante as viagens para fazer as necessidades e também para ele não ficar estressado. Principalmente se a viagem for longa, mais de uma hora, por exemplo”, diz Mateus Passos, referindo-se às viagens de carros ou ônibus, quando é possível fazer algumas pausas no trajeto.

 

Fonte: G1