Ninguém gosta de ver seu animal de estimação doente. Entretanto, tomar a iniciativa de medicá-lo com algum tipo de antiinflamatório ou antitérmico é altamente prejudicial, pode agravar o caso e até levá-lo a morte.
O fato é de que os remédios que servem para os humanos, nem sempre são indicados para os animais. Aliás, segundo especialistas, a grande maioria dos medicamentos indicados para humanos e vendidos sem receita em qualquer farmácia é altamente tóxica para o bichinho.
Janaina Reis, médica-veterinária do Mister Vet Centro Veterinário, conta que, infelizmente, a prática é comum.
— Uma vez chegou um cachorro da raça rotweiler com crise aguda de gastroenterite e insuficiência renal. O cachorro sofria de displasia coxofemural (doença em que geralmente ataca cachorros de grande porte e faz com que o crescimento do esqueleto se acelere em relação ao desenvolvimento muscular).
Segundo Janaina, o dono do cachorro havia dado, durante três dias, dois comprimidos a cada 12 horas. Na tentativa de ajudar, acabou matando o cachorro.
— Medicar os animais com remédios que, para nós são comuns e até recomendados, ataca diretamente o estômago, rins e pode atingir outros órgãos.
Um outro animal que sofreu as consequências de ser medicado foi o cachorro de rua Toquinho. Levado ao veterinário pela cineasta Marina Bruno, Toquinho estava com parte da pele cinza.
— Haviam passado algum produto no bichinho que estava com o pelo caindo em uma parte. Na tentativa de ajudar o cachorrinho, pessoas deram remédios para sarna e, ao levá-lo ao veterinário, descobri que seu pelo caia por causa das pulgas. Alguns banhos resolveram totalmente o problema e o cachorro não teve sequelas do tratamento para sarna que fez sem necessidade.
Tentativa arriscada
De acordo com Alexandre Sano, médico-veterinário, sócio da clínica Med Dog e diretor da Sociedade Paulista de Medicina Veterinária, há também o perigo da dosagem errada.
— As pessoas não entendem que dão ao animal uma dosagem, muitas vezes, deduzida de forma errada. Não calculam a massa corporal e tampouco sabem se o bicho pode consumir aquele remédio.
Janaina explica que o melhor é agir com calma e sempre procurar um veterinário, nem que seja, inicialmente, por telefone. Além de todos os riscos já mencionados, há também o fator de que, cada espécie reage ao medicamento de uma forma.
— Se o animal se cortar ou se machucar, vale, por exemplo, limpar o ferimento com soro fisiológico e estancar o sangue. Depois é seguir para o veterinário. Mesmo que um curativo seja feito, é o profissional quem vai colocar a atadura correta e fazer o que é necessário para o seu bem-estar.
Alexandre acrescenta que infelizmente não existe hospital veterinário público.
— Mas recomendo que a pessoa procure uma universidade local que tenha medicina veterinária, com atendimento gratuito e não medique o animal em hipótese alguma antes de falar com algum médico.